A epidemia da distração

Se você já sentiu sobrecarregado, sem entender o porquê, talvez a resposta esteja na distração constante. Como a demanda por atenção está moldando nossas vidas e o que podemos fazer para retomar o controle? Vem refletir com a gente.

A epidemia da distração

Era uma quinta-feira e Antônio acordou cheio de energia, algo raro ultimamente. No caminho para o trabalho, decidiu dar uma olhada rápida no Instagram. Logo se deparou com uma postagem de um colega em um evento de inovação em Recife. Curioso, clicou na página do evento e, ao perceber que havia perdido a oportunidade de participar, encontrou um curso relacionado e não hesitou: comprou. Ao voltar para o Instagram, viu fotos de outro amigo curtindo um churrasco na praia com a família e pensou que ele também deveria relaxar mais, mas lembrou que agora teria duas noites por semana ocupadas e uma nova despesa de R$ 599 por 12 meses no cartão. Quando desceu do Uber, o entusiasmo da manhã havia desaparecido, e ele já se sentia sobrecarregado.

À noite, Letícia, sua esposa, chegou em casa radiante com a promoção que havia recebido no trabalho. Mas ao ver Antônio jogado no sofá, desanimado, pegou o celular e abriu o Instagram. A primeira imagem que apareceu foi de uma amiga jogando beach tênis. “Eu deveria começar a praticar um esporte novo”, pensou. Enquanto procurava quadras perto de casa, as fotos de mulheres atléticas e com aparência impecável fizeram Letícia pensar em investir mais na sua aparência também. “Por que não uma cirurgia plástica?”, decidiu, afinal, havia acabado de ser promovida. Aliviada com a decisão, voltou ao Instagram e viu uma foto de um casal de amigos jantando juntos, celebrando a noite. Olhou para Antônio, abatido no sofá, e sentiu uma angústia crescer. Como o dia mais feliz de sua carreira terminou desse jeito?

Essa sequência aparentemente banal de eventos é um exemplo claro da epidemia de distração à qual somos expostos todos os dias, sem perceber o quanto ela nos afeta.

Se você tem a sensação de estar mais ocupado do que nunca, saiba que a demanda por atenção é um dos motivos pelo qual nos sentimos assim. Isso acontece porque a nossa atenção é muito mais solicitada. Bombardeados por um excesso de oportunidades, tudo em nossa volta parece querer absorver nosso tempo e gastar nossos recursos. 

Se você decidiu usar um tempo insubstituível para assistir 12 temporadas de uma série ou navegar 25 horas por semana no Instagram, cada uma dessas horas veio da sua vida, e são irrecuperáveis. Todo dia, somos expostos a aproximadamente 4 horas de mídia, estamos sobrecarregados de informação inútil. E, como no caso da poluição, ninguém se considera responsável pelo problema. Vivemos uma crise de atenção e, o tempo que dispomos para “prestar atenção”, é cada vez mais escasso. Prestar atenção em algo deveria ser um ato consciente. Mas na era da interatividade, alguns de nós apenas “deixa a rede te levar, rede leva eu”.

Quem faz suas escolhas por você? 

É você mesmo que decide como passa seu tempo? 

O que vai ler, aprender, como vai organizar seu final de semana?

…pare um minuto para adquirir essa consciência. Pense sobre isso.

Na guerra por atenção, as empresas também têm disputado de forma cada vez mais feroz o olhar das pessoas. Hoje, temos 1,94 bilhões de websites no mundo e um consumidor médio assiste a 3 mil mensagens de marketing por dia, 1 milhão por ano. 

Mas o século XXI tem trazido novos paradigmas de negócios e estilo de vida, e uma galera está mudando as regras do jogo. Eles são os millenials, mercado composto por pessoas com menos de 40 anos, que está expulsando a propaganda da sua vida, bem como marcas que não fazem sentido, enquanto serviços over the top (sem anúncios), disparam. Um novo jeito de fazer negócios se apresenta e, com isso, um novo papel do profissional de marketing é necessário, mas sobre isso, vamos falar muito ainda, pois acreditamos que devemos investir nosso tempo em empresas alinhadas aos nossos valores, e que promovam transparência e profundidade; menos marketizadas e mais autênticas. 

Voltando ao tema central, num mundo saturado de dados e estímulos, a capacidade de capturar a atenção é fundamental para relacionamentos saudáveis, para o sucesso pessoal e organizacional.

Mas na prática, como podemos minimizar as distrações? No livro, Economia da Atenção, Thomas Davenport e John Beck propõem o “no-email day” e períodos diários específicos para trabalho focado (imagino alguns de vocês sorrindo com isso; confesso que me deleito também). Além disso, acredito que pensar sobre nossas escolhas previamente, pode fazer toda a diferença, além de um bom review semanal. Você pode se apoiar em listas, to do’s, lembretes e até alarmes, pois estamos falando de algo valioso e escasso.

Outros livros relevantes sobre o tema, todos lidos e realmente recomendados: Deep Work de Cal Newport, Atomic Habits de James Clear, The one Thing de Garry Keller e Jay Papasan, Indistractable de Nir Eyal, Flow de Mihaly Csikszentmihalyi e Gets Things Done de David Allen.

Pra finalizar, reforço nossa crença de que escolhas conscientes e um estado de espírito desperto são essenciais para navegar no mundo moderno. Junte-se a nós nessa jornada para fazer escolhas melhores e viver de maneira mais plena e consciente, pois como dizemos aqui, Bluebird é um estado de espírito.

Quanto vale seu tempo? Para nós, vale muito. Por isso, obrigado por dividi-lo conosco nesse artigo.



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